Ex-aluno da Uniplac participa de equipe ganhadora do Prêmio Nobel de Física

Formado em Matemática na Uniplac, o lageano César Augusto Costa, faz parte da equipe vencedora do prêmio Nobel de Física deste ano.

 

Os cientistas Rainer Weiss, Barry Barish e Kip Thorne receberam o Prêmio Nobel de Física de 2017 por terem sido pioneiros na observação de ondas gravitacionais, previstas por Einstein há 100 anos, informou no dia 3 deste mês a instituição responsável pela premiação. A primeira detecção foi realizada em setembro de 2015 pelo grupo de pesquisadores por meio do Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser (LIGO).

O estudo comandado pelos três contou com apoio de outros cientistas, inclusive do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em São José dos Campos (SP). Entre os cientistas do INPE está o lageano César Augusto Costa, 44 anos, graduado em Matemática pela Uniplac no período de 1995 a 1999. Residindo desde 2000 em São José dos Campos/SP, onde obteve Mestrado e Doutorado em Astrofísica pelo INPE, ele conta ainda com Pós-Doutorado em Física e Astronomia pela USP e Pós-Doutorado em Astrofísica pela LSU (Lousiana State University, Baton Rouge, EUA).

 Em Entrevista, via redes sociais, César Augusto falou um pouco sobre sua carreira, e principalmente, pelo grande feito de participar de uma equipe, que ganhou o Prêmio Nobel de Física.

 

Uniplac: Como iniciou a Colaboração, LIGO,  e como funciona a equipe?

César Augusto: A ideia data da década de 80, quando em um almoço Raineir Weiss (laureado) desenhou um interferômetro como um detector de ondas gravitacionais, em um guardanapo, para Kip Thorne (laureado), Hans Billing (falecido) e Ronald Drever (falecido). A Colaboração LIGO (LSC, LIGO Scientific Collaboration) se iniciou oficialmente em 1997, por incentivo de Barry Barish (laureado), mas a construção dos instrumentos LIGO se iniciou em 1994, com o financiamento da NSF (National Scienc Foundation).

De lá para cá, a colaboração foi crescendo e hoje é uma colaboração com mais de 100 instituições de 16 países e mais de 1000 colaboradores. Eu entrei na colaboração quando estava fazendo pós-doutoramento na Louisiana State University, em 2008. Trabalhava diretamente no LIGO Livingston, um dos observatórios. O INPE entrou na colaboração em 2011, e quando retornei ao Brasil em 2012, me uni ao grupo brasileiro.

 A colaboração é dividida em grupos de trabalhos, e o INPE participa ativamente de dois dele, Suspension Working Group, que trabalho no desenvolvimento de sistema de suspensão para os espelhos, e o Detector Characterization Group, que é o grupo que eu particularmente trabalho, separando eventos locais (ambientais e instrumentais) de prováveis candidatos a eventos astrofísicos. Basicamente o que fazemos é limpar os dados para que não confundamos um evento terrestre (como um carro passando por um buraco na rodovia próxima) com um eventos de origem astrofísica. O trabalho tem uma contrapartida que é a melhora da sensibilidade do instrumento. E, obtivemos êxito em 2015, quando detectamos as primeiras ondas gravitacionais oriundas da colisão de dois buracos negros à 1,3 bilhões de anos-luz da Terra.

 

Uniplac: Conte- nos detalhes do caminho entre os estudos na Colaboração LIDO, até  o Premio Nobel de Física:

César Augusto: A primeira detecção de ondas gravitacionais é um marco para a Física, pois além de estarmos testando mais uma vez a Relatividade Geral de Einstein, abrimos uma nova janela de observação para o Universo. Antes toda a informação que podíamos obter era através da luz, agora temos outro sentido. É como se estivéssemos em uma sala escura assistindo um filme mudo. E, agora, nosso filme tem imagem e som, imagine o que podemos aprender sobre o Universo que habitamos. Porém, as ondas gravitacionais são muito pequenas, com "alturas" milhares de vezes menores que um próton. Então, para detectá-las precisávamos construir instrumentos super-sensíveis.

 Para isso, foi preciso desenvolver tecnologia, criar colaborações internacionais, envolver milhares dos melhores cientistas do mundo, para mostrar que o que antes era apenas uma ideia explica muito bem fenômenos que observamos no Universo. É verdade que esperávamos pelo prêmio no ano passado, mas é possível que nem tenhamos sido indicados, pois as indicações se encerram no dia 31 de janeiro, e anunciamos a primeira detecção somente em 11 de fevereiro de 2016. Ou talvez, a comunidade científica estivesse aguardando por confirmação, que se deu pelas novas detecções realizadas ao longo de 2016 e 2017.

 Na minha visão, este prêmio foi a coroação de tudo isso, do espírito científico humano e do que grandes colaborações podem trazer para nosso entendimento. E, a detecção das ondas gravitacionais foi isso, a abertura para novas questões sobre o Universo, que no processo de serem respondidas, nos auxiliarão a se desenvolver como seres que habitam este Universo.

 

 

Na foto: Marcio Constancio Jr, (aluno Doutorado) Cesar Costa (pós-Doc), Tábata Ferreira (aluna Mestrado), Allan Douglas (aluno Iniciação Científica), Marcos Okada (Técnico), Odylio Aguiar (Pesquisador)

Texto: Ana Maria Souza/ Del Moura

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